Será que a cafeína realmente aumenta seu potencial de queima de gordura, e se realmente aumentar, quando o indivíduo deve fazer uso da substância para maximizar a perda de gordura? Mais ainda, qual seria a dose ideal de ingestão e qual os prós e contras de seu uso contínuo? Esses são alguns dos pontos que pretendemos abordar com esse artigo.
O que é a Cafeína?
Acho que é interessante cobrir rapidamente a natureza química da cafeína para explicar melhor sua consistência. A nomenclatura química da cafeína é "1,3,7-trimetilxantina". Xantinas são alcalinas, substâncias orgânicas (baseadas em carbono) que estimulam o sistema nervoso central e o coração, e são encontradas em maneiras abundantes em folhas de chá, grãos de café, algumas frutas e outros alimentos e plantas.
Fisiologicamente falando, a ingestão de metilxantinas adiam a quebra do ciclo do monofosfato de adenosina (cAMP) e do monofosfato de guanosina (cGMP) através da inibição das enzimas de fosfodiesterase (PDE); por isso a cafeína é considerada um inibidor de PDE. Como o cAMP e o cGMP são mensageiros cruciais na sinalização de tradução celular, o processo metabólico dentro da célula é colocado em aceleração depois da ingestão dos inibidores de PDE.
A cafeína ajuda no processo de queima de gordura? Como?
Existem especulações que a cafeína pode elevar a oxidação dos ácidos graxos através do aumento nas catecolaminas (como a adrenalina, por exemplo). [2]. Apesar de existirem diversos estudos sobre os efeitos ergogênicos da cafeína na performance esportiva, ainda não houve um estudo que apresentasse evidências conclusivas de que a ingestão de cafeína altera o substrato do metabolismo muscular durante o exercício. [1] Dito isto, existem outros mecanismos possíveis para que a cafeína ajude na perda de gordura.
Um dos mecanismos propostos para demonstrar que a cafeína ajuda na queima de gordura é através de um aumento na energia gasta durante um período de 24 horas (aceleração do metabolismo basal). Além disso, o efeito térmico das refeições ingeridas junto com a cafeína é maior do que sem ela. [3]
Apesar da vida relativamente curta da cafeína, a duração de seu efeito pode durar por algumas horas após sua ingestão. Estudos indicam que a cafeína, quando ingerida junto com carboidratos, aumenta a oxidação dos carboidratos durante uma sessão de treinos, muito por conta do aumento de absorção intestinal ao contrário do aumento dos níveis de catecolaminas. [4]
As evidências mais claras de que a cafeína auxilia na queima de gordura, são na verdade, relacionadas aos seus efeitos durante a performance do exercício. Pesquisas mostram que a cafeína exerce alterações positivas na performance de exercícios aeróbicos e anaeróbicos. Isso quer dizer que quando feita a ingestão antes de performar tais exercícios a cafeína pode exercer a função de retardar o cansaço e aumentar a performance durante o treino. [5,6] Logo, o atleta consegue treinar melhor, com mais intensidade ou por períodos maiores. Consequentemente, ele vai queimar mais calorias do que se estivesse treinando sem a substância ergogênica. Dessa forma seu gasto calórico será maior do que o de alguém sem a cafeína.
Quando a cafeína deve ser ingerida e em qual dosagem para auxiliar na perda de gordura?
A maior parte dos estudos demonstram que os efeitos da cafeína na performance atlética são melhores alcançados quando ela é ingerida de uma a duas horas antes do treino. É impossível determinar um horário certo para ingestão da cafeína já que cada indivíduo metaboliza a substância em uma velocidade diferente. Além disso, a velocidade de sua ingestão diminui se for feita junto de outros alimentos.
Em termos de dosagem, é geralmente recomendado que você tome de 1-3mg por kilo do seu peso. [7] Se você pesa 81kg sua dosagem fica entre 80 a 240mg. Não exagere no consumo e nem nas doses da cafeína, não existem provas de que seu uso em excesso traga benefícios ao corpo humano. Na verdade quando ingerida em grandes quantidades (doses acima de >5g) ela pode ser tóxica.
References:
1. Graham, T. E., Battram, D. S., Dela, F., El-Sohemy, A., & Thong, F. S. (2008). Does caffeine alter muscle carbohydrate and fat metabolism during exercise?.Applied Physiology, Nutrition, and Metabolism, 33(6), 1311-1318.
2. Kobayashi-Hattori, K., Mogi, A., Matsumoto, Y., & Takita, T. (2005). Effect of caffeine on the body fat and lipid metabolism of rats fed on a high-fat diet.Bioscience, biotechnology, and biochemistry, 69(11), 2219-2223.
3. Acheson, K. J., Zahorska-Markiewicz, B., Pittet, P. H., Anantharaman, K., & Jequier, E. (1980). Caffeine and coffee: their influence on metabolic rate and substrate utilization in normal weight and obese individuals. The American journal of clinical nutrition, 33(5), 989-997.
4. Yeo, S. E., Jentjens, R. L., Wallis, G. A., & Jeukendrup, A. E. (2005). Caffeine increases exogenous carbohydrate oxidation during exercise. Journal of Applied Physiology, 99(3), 844-850.
5. Doherty, M., & Smith, P. M. (2005). Effects of caffeine ingestion on rating of perceived exertion during and after exercise: a meta‐analysis. Scandinavian journal of medicine & science in sports, 15(2), 69-78.
6. Doherty, M., Smith, P. M., Hughes, M. G., & Davison, R. R. (2004). Caffeine lowers perceptual response and increases power output during high-intensity cycling. Journal of sports sciences, 22(7), 637-643.
7. Del Coso J, Salinero JJ, González-Millán C, Abián-Vicén J, Pérez-González B. Dose response effects of a caffeine-containing energy drink on muscle performance: a repeated measures design. J Int Soc Sports Nutr. 2012 May 8;9(1):21. PubMed PMID: 22569090.
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